Segundo alguns críticos, Marcos Morau é dos poucos criadores contemporâneos que abordam o conceito de Mal com tanta precisão. O coreógrafo, que em 2013 recebeu o galardão Prémio Nacional de Dança (em Espanha), inspira-se no universo cinematográfico de Kubrick e David Lynch, que nos seus trabalhos muitas vezes colocam o inferno na terra e exploram o sentimento de mal-estar, de beco sem saída. A peça coreográfica apresenta uma sucessão de quadros surreais, conduz o público do nascimento à morte e além vida. Há um funeral, um elevador, um urso polar, um padre, um grupo de homens nus, textos bíblicos, música operística enquanto ferramenta narrativa e muito drama vestido com um veludo vermelho.

A linguagem dos bailarinos alterna entre movimentos deliriosos e ritmos sincopados, numa estrutura poderosa e sufocante que tem sido a imagem de marca da companha La Veronal.