A garantia foi deixada por Andreia Sil, do Gabinete de Comunicação e Eventos da Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha: “nenhum aluno sai desta escola com uma mera ideia ou maquete”. Quem se diploma nesta escola superior do Politécnico de Leiria, sublinhou, leva, antes, “um projeto realizado”. Uma concretização que acontece no “ex libris” da escola, acrescentou: “Nas oficinas”.

Foi, precisamente, nas oficinas que as atividades da manhã de hoje se centraram, com o objetivo dar a conhecer o trabalho diariamente realizado nestes espaços. Divididos em quatro grupos, os estudantes participaram em workshops de serigrafia, fotografia, metais e cerâmica. A escolha destas áreas, explicou Andreia Sil, teve por base “temas que podem ser mais próximos dos estudantes e que, por isso, poderão ser mais impactantes”.

O objetivo passou também por “permitir que os estudantes possam levar o trabalho consigo”, acresecentou. Desta forma, na Oficina de Cerâmica da ESAD, um grupo de alunos criou um azulejo personalizado. Ali bem perto, no fundo do corredor, as novas tecnologias foram o foco dos trabalhos do workshop de metais, com a criação de um suporte de alumínio para telemóveis. A escolha deste material, explicou o formador, relaciona-se com o facto de ser facilmente moldável e resistente à oxidação.

 

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Neste percurso pelas oficinas da ESAD, o mundo da imagem também esteve em destaque. No workshop fotografia, os estudantes criaram imagens personalizadas, utilizando objetos que, com a exposição à luz, ficaram marcados no papel. O exercício serviu também para conhecer equipamentos como ampliadores, papel fotográfico e processos como a revelação química. Já na Oficina de Serigrafia, foi privilegiado o contacto com este processo de impressão presente nas indústrias de vestuário ou publicidade, através da criação de uma imagem composta.

“Gostei muito da visita à ESAD, quase descobri o meu lado artístico”, realça uma sorridente Filipa Pimpão, de 16 anos. Integrada na equipa branca, Filipa passou pela Oficina de Serigrafia e Gravura. “Já conhecia o processo de serigrafia em tecidos e camisolas, mas nunca tinha visto em papel. Achei que o resultado final ficou muito bonito”, conta.

 

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De acordo com o estudante Pedro Almeida, de 16 anos, a tarefa de criar um suporte para o telemóvel “não correu propriamente bem”. Ainda assim, o membro da equipa verde diz ter gostado de “mexer nos equipamentos e materiais. “Tenho algum interesse pela Mecânica e esta foi uma boa oportunidade para saber mais sobre esta área”, explica.

 

Cruzar passado e presente

O contacto prático com as oficinas da escola, acredita Andreia Sil, pode “facilitar o conhecimento do dia a dia da escola”. Afinal de contas, explica, a dimensão prática e oficinal é “uma componente diferenciadora da escola e do próprio Politécnico de Leiria”. Regularmente, garante, “outras escolas do Ensino Superior procurarem a ESAD para a realização de trabalhos práticos”.

A ligação das Caldas da Rainha ao universo das artes é histórica. “Tudo começou com a cerâmica, há muitos anos”, recordou a responsável, durante a sessão de acolhimento aos participantes do Leiria-In. Contudo, destaca, a atualidade do ensino desta escola não fica pelo passado: “Fazemos o cruzamento entre saberes mais tradicionais – como fotografia ou cerâmica – com áreas mais atuais como Multimédia ou Desenho 3D e Prototipagem”. Este encontro, de resto, sublinha Andreia Sil, é a forma de garantir um ensino voltado “para o futuro e para a atualidade do mercado de trabalho”.

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O lugar onde se fabrica o futuro

Foi ainda no átrio de entrada do Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentado do Produto (CDRSP), na Marinha Grande, que o subdiretor deste centro de investigação, Geoffrey Mitchell, lançou a pergunta aos participantes: “O que é que acham que fabricamos aqui?”. Perante a hesitação dos participantes, foi o próprio britânico que ofereceu a resposta. “O futuro – é isso que fabricamos aqui”, sublinhou, antes de acrescentar: “hoje vão poder vislumbrar esse futuro”.

Durante toda a tarde de hoje, os cinquenta estudantes do Ensino Secundário e Profissional que participam na Leiria-In puderam conhecer os vários laboratórios e projetos do CDRSP. O diretor deste centro, Nuno Alves, explicou à FORUM que as atividades se centraram nas principais áreas de atuação do CDRSP: “A impressão 3D aplicada à Aeronáutica, às Ciências Biomédicas e a diferentes setores da indústria, nomeadamente os mais característicos da região – os plásticos e moldes”.

 

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De laboratório em laboratório, os estudantes puderam compreender os processos de digitalização, desenho de protótipo e de produção, no campo da impressão 3D. Quanto à impressão, destaque ainda para a especialização dos vários laboratórios do centro: há espaços dedicados à impressão na área da cerâmica, dos metais ou dos polímeros de plástico.

O conhecimento da mais-valia criada por estes projetos, concorda Nuno Alves, poderá servir para aproximar os participantes da Ciência. “Os estudantes que aqui se deslocam não observam apenas – querem tocar e compreender como funciona”, conta, realçando que esta é também uma forma de “perceberem se gostariam de ter uma carreira na investigação científica”.

 

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Criar até onde vai a imaginação

Num dos espaços dedicados à ligação com a indústria, Geoffrey Mitchell lançou nova pergunta: “Se pudessem criar um qualquer objeto, qual seria?”. Desta vez, ouviu-se uma resposta, mesmo que numa voz tímida. “Um Porsche”, atirou um dos participantes. A reação do subdiretor foi imediata: “Há muitos carros da Porsche no Mundo. E se criasses um carro unicamente desenhado para ti? Ou se criasses um coração?”.


"Tenho a certeza de que, um dia,
vamos conseguir imprimir um coração".
Nuno Alves, Diretor do CDRSP

 


Conforme salienta, Nuno Alves, a produção com recurso à impressão 3D permite, precisamente, a criação de soluções “à medida”. O impacto desta possibilidade é múltiplo. É possível, por exemplo, criar uma prótese adaptada às características do corpo de um paciente ou ainda criar uma peça utilizando uma menor quantidade de matéria-prima. “Existe uma otimização que nasce da rentabilidade e da personalização”, explica o diretor.

 

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Contudo, ressalta o diretor, a relação entre a indústria tradicional e a impressão 3D é, “neste momento e a médio prazo, de complementaridade”. A tecnologia aqui desenvolvida serve para optimizar processos produtivos, “trazendo por isso uma mais-valia”. Quanto ao futuro, a possibilidades terminam onde termina a imaginação. A impressão de comida ou de órgãos são alguns dos exemplos, realça Nuno Alves, antes de concluir: “Tenho a certeza de que, um dia, vamos conseguir imprimir um coração”.

Para a noite, fica reservada a atuação das Tunas do Politécnico de Leiria, nos pátios exterioes da biblioteca municipal. O programa continua amanhã, num dia que arrancará com atividades na ´rea da Robótica e da Saúde.