A primeira experiência de voluntariado internacional de Inês Ferrão chegou em 2010, no Brasil. Durante 6 meses, apoiou habitantes da Vila Kennedy – uma das cerca de 1000 favelas do Rio de Janeiro. A experiência foi integrada no último ano da licenciatura em Serviço Social e, revela a fundadora da plataforma “Para Onde?”, foi marcante. “Fiquei fascinada com a ideia de combinar uma viagem com ação social”, explica.

De tal forma que, no mesmo ano, depois de terminado o curso, voltaria mesmo ao Rio de Janeiro, desta vez no regime de Work Exchange. Trabalhando numa pousada que lhe pagava com alimentação e alojamento, Inês Ferrão pôde voltar à Vila Kennedy e participar em outros projetos de ação social na cidade.

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Seguir-se-iam experiências de voluntariado na Tanzânia, em Itália ou em Barcelona. Contudo, “a mais intensa” foi mesmo a primeira, garante, sendo mesmo aquela que levou à procura de novos programas. “Todos os dias era desafiada, posta à prova e sentia que aprendia qualquer coisa nova”, explica. 

Antes destas experiências de voluntariado, Inês já tinha viajado – um Interail e um programa Erasmus são alguns exemplos. Contudo, ressalva, a experiência é diferente quando se faz voluntariado: “a viajar aprende-se imenso mas estar inserida num contexto socialmente complexo – e intervir – faz toda a diferença”.

Dar voz e acesso
No verão de 2014, Inês estava em Itália, colaborando num projeto de apoio a refugiados, quando começou a receber o contacto de pessoas que lhe perguntavam como aceder a este tipo de oportunidades. A explicação está no facto de, quando se faz uma pesquisa na internet, por exemplo, surgirem sobretudo resultados ligados a algumas empresas que fazem negócio nesta área, explica Inês Ferrão.

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“Era necessário tornar estas oportunidades mais acessíveis”, reforça. As ofertas feitas a partir destas empresas têm alguns critérios a cumprir: idade, financiamento ou formação são alguns exemplos. Por outro lado, muitas vezes, organizações humanitárias de menor dimensão não conseguem fazer chegar as suas necessidades aos interessados.

A solução encontrada por Inês Ferrão e Marta Trindade passou por uma base de dados que reunisse as oportunidades de Voluntariado Internacional. Essa é a fundação do projeto “Para Onde?” que, “rapidamente se tornou a maior base de dados em português de voluntariado internacional”.

Do global para o local
O sucesso e o crescimento registados levaram mesmo as fundadoras a concretizar um novo objetivo que é, hoje em dia, a realidade da “Para Onde?”: passar de uma base de dados para uma plataforma de apoio que presta todo o apoio ao voluntário.

Nesse campo, um dos grandes passos foi a recente adesão, em setembro de 2016, à rede de voluntariado SCI (Serviço Civil Internacional). “Foi um passo essencial para passar de um site informativo para uma organização”, explica Inês Ferrão.

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Olhando o futuro, Inês Ferrão explica a vontade das fundadoras: “queremos que cada vez mais pessoas façam voluntariado internacional”. Um dos objetivos consequentes é aumentar o interesse pelo voluntariado local, uma vez que muitos dos voluntários que fazem trabalho a nível internacional “se acabam por entusiasmar e agir na sua própria comunidade”.

O trabalho de voluntariado, reforça, “faz toda a diferença”. Não só junto de quem é auxiliado como de quem presta auxílio, enriquecendo as suas competências e visão do mundo. É por essa razão que a missão da plataforma “Para Onde?” é simples, conclui Inês Ferrão: “queremos dar esta oportunidade a toda a gente”.