No cartaz deste ano houve exceções, como é o caso do veterano Johnny Marr, fundador dos ingleses The Smiths e a grande estrela de um espetáculo no Coliseu de Lisboa, mas a tendência é sempre para que este festival mostre a um público cosmopolita aquilo que é, ou virá a ser, tendência sonora nos próximos tempos.

JohnnyMarr 5

Neste evento da produtora Música no Coração que invade várias salas da Avenida da Liberdade – falamos do Capitólio (Bloco Moche lá fora, lá em cima e lá dentro), do Cinema São Jorge, do Teatro Tivoli BBVA, do Coliseu dos Recreios, do Maxime (Sala Ermelinda Freitas), da Garagem da EPAL (Sala Santa Casa), da Casa do Alentejo (Sala da EDP), do Palácio da Independência e da Estação Ferroviária do Rossio (Sala Rádio SBSR), isto sem contar com o Super Bock Bus – há a oportunidade de entrarmos em locais onde nem sempre vamos, e de percorrermos a cidade de Lisboa com outro ritmo. Sim, o conceito de festival implica rumar várias vezes Avenida da Liberdade acima e abaixo, tendencialmente de copo de cerveja na mão, uma vez que não se pode entrar num novo espaço com a bebida comprada noutro local, ainda que em copo oficial da festa. Um verdadeiro desafio à boa forma física dos festivaleiros, à sua valentia mesmo, sobretudo em noites de intempérie como se revelou a de sábado, na segunda "parte" do Super Bock em Stock.

À porta dos concertos nem sempre há pressa em entrar pois há amigos que se encontram inesperadamente e conversas inadiáveis. Um ou outro espetáculo implicam ir um pouco mais cedo e aguardar em filas de forma a garantir o lugar, uma das grandes chatices deste festival a par da simultaneidade de bons espetáculos que nos obriga a tomar difíceis decisões. O dia 24 foi fértil nisso. Por tudo isto, a tendência é para que o público raramente assista a um concerto do princípio ao fim, apostando na mobilidade de espaços e opções sonoras. Ora agora ouço música afro ou punk rock, ora agora aplaudo um choradinho brasileiro ou um blues, ora assisto a música evangélica ora rendo-me à soul e ao hip-hop.

ConanOsiris 4

A música portuguesa esteve sobejamente representada no Super Bock em Stock. Conan Osíris (na foto) e o "primo" Pedro Mafama, Dino D'Santiago, Janeiro, Beatriz Pessoa, Lena D'Água e Primeira Dama com a Banda Xita, Capitão Fausto, e Manuel Fúria e Os Naúfragos são apenas alguns das dezenas de exemplos. Da seleção internacional sublinhamos Public Acess TV, The Harpoonist and the Axe Murderer, Natalie Prass, The Saxophones (na foto), Lola Marsh, Still Corners, U.S Girls e Jungle (na foto).

The Saxophones 5

Jungle 2

Todos os anos há um ou outro artista que se destacam e que, meses depois, voltam às salas nacionais com outro destaque, como quem explode no seu talento, tal como aconteceu em edições passadas deste festival – quando tinha outro nome e patrocinador – com Benjamin Clementine. Nesta edição de 2018, arriscamo-nos a dizer que para a história ficaram as prestações de Nakhane (foto de rosto) e Tim Bernardes. O primeiro porque tem alma e voz e presença e carisma, sendo todo ele magnético e encantatório, pelo que este sul-africano de 30 anos merece ser muito mais falado e apreciado para além do seu orgulho LGBT. O segundo porque teve uma ovação de pé com os temas de 'Recomeçar' (o álbum de estreia) e algumas covers. Ambos porque foram do mais autêntico que se viu nos últimos tempos em festivais.

(Fotos de Nuno Andrade)

 

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