«O evento procura criar um espaço onde cineastas emergentes possam mostrar o seu trabalho, desenvolver os seus conhecimentos e partilhar oportunidades, criando novos públicos para o cinema independente», explica a organização. Há duas iniciativas que ocorrem em paralelo com o festival: o FEST - Training Ground - secção educativa do evento com mais de 30 atividades, como debates e masterclasses - e o Pitching Forum, onde cineastas podem apresentar os seus projetos a produtores, agentes de talentos e financiadores.

O festival compreende secções não competitivas - Flavours of the World e Be Kind Rewind – mas muito naturalmente as atenções recaem sobre as secções competitivas, seja o Lince de Ouro (primeiras e segundas longas-metragens), o Lince de Prata (curtas-metragens de cineastas até 30 anos), o Grande Prémio Nacional ou a FESTinha (infantil). Por nós, preferimos fazer um zoom sobre a secção NEXXT, uma competição de cinema académico que tenciona provar que «o brilhantismo não tem limite de idade». UNATC (Roménia), Wadja School (Polónia), ECIB (Espanha), EICAR (França), Centro de Capacitacion Cinematografica (México), ESTC (Portugal), DBS Film (Alemanha), London Film School (Reino Unido), Baltic Film and Media School (Estónia), Prague Film School (Republica Checa), KASK (Bélgica), Dublin Institute of Technology (Irlanda) ou DFFB (Alemanha) são algumas das instituições representadas.

A nossa seleção:

tartus

Tartus, de Leonor Abreu e Francisco Mineiro (Universidade Lusófona - Lisboa)
Chelonia, uma rapariga síria de 16 anos, sai do seu país para fugir à guerra e é apanhada numa rede de tráfico humano. «A ideia surgiu depois de um workshop na faculdade quando um professor comparou os migrantes à fauna marinha que tem de fugir das aves de rapina. Sempre quis fazer um filme sobre uma personagem forte», confessa Francisco. A obra, filmada em Sintra e Arrábida, já foi exibida no Fantasporto. «Apesar da polémica dos refugiados sírios já ter passado um pouco, o filme fala também sobre a vontade da personagem encontrar a felicidade e isso é comum a todas as pessoas», diz-nos o jovem de 23 anos, que já está a escrever um novo guião sobre um rapaz refletindo sobre o fim de uma relação.

Mariana

Mariana, de Soraia Antunes (ESTA – Abrantes)
Mariana tinha 16 anos quando descobriu que estava grávida mas não do presente companheiro, Nuno, ex-toxicodependente. A adolescente foi mãe de Gabriel aos 17 anos e de Matilde no ano seguinte. «Ela era minha amiga e vizinha. Já tinha muitas imagens de arquivo do casal e dos bebés, e por isso decidi contar esta história muito forte para alguém ainda tão jovem», conta a autora de 26 anos que, nesta narrativa, explora «dois conflitos». «Espero que as pessoas se possam identificar com o impacto desta história», uma película já exibida no Lisbon & Sintra Film Festival. Soraia já está a trabalhar no seu próximo filme, sobre a adição, com uma comunidade terapêutica como cenário.

Filhos da Ditadura

Filhos da Ditadura, Lucas Tavares (ESAP – Porto)
«O filme é sobre uma família do interior de Portugal, na aldeia de Tropeço, em Arouca. Uma mãe vê os dois filhos serem recrutados para a Guerra do Ultramar e ajuda-os a fugir para o Brasil. No fundo, é um pouco o percurso feito pelo meu pai», conta o jovem de 23 anos. Terminada em janeiro, esta obra nunca foi vista em ambiente de festival. «É um tema que interessa ao público português em geral, um pedaço da história de Portugal nunca contado. Espero que as pessoas reflitam também um pouco sobre a imigração e as suas causas, um fenómeno que se regista até hoje», anseia.