“Estar alerta não basta:
é preciso fazer qualquer coisa com a revolta. A frase é uma das seis que apresentaram o novo espetáculo integrado no projeto K Cena e que é construído a partir de A quinta dos animais, de George Orwell. O elenco é constituído exclusivamente por jovens atores, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos. Juntos, estes jovens lançaram um olhar “não apenas para os que dominam, mas sobretudo para os que são dominados”, num contexto em que “o surgimento de novas formas de totalitarismo é demasiado real nos dias de hoje”. 

É desta forma que é resumido O que vamos fazer com a revolta, espetáculo que esteve em cena no Museu do Aljube- Resistência e Liberdade, de 3 a 6 de junho, e que faz parte do K Cena – um projeto lusófono de teatro jovem que se desenvolve no Teatro Nacional D. Maria II, no Mindelo (Cabo Verde), em Salvador da Bahia (Brasil), São Tomé e Príncipe e no Teatro Viriato, em Viseu. Cada um destes polos do K Cena tem “a sua seleção e projeto”, sendo que todos “partilham o mesmo tema de partida, num verdadeiro espírito democrático”, explica o TNDMII, no seu site.            

 

                                                                                  

Em 2020, por exemplo, a mesma obra de Orwell que inspira O que vamos fazer com a revolta levou à construção de um vídeo-espetáculo apresentado no Teatro Viriato, entre 25 e 30 de outubro. A peça encenada por Graeme Pulleyn focou dois capítulos de A quinta dos animais. “Todos os encenadores envolvidos acharam que este era um livro particularmente interessante para os nossos tempos e que reflete bem uma das nossas preocupações: a relação dos jovens com a democracia e com as tendências mundiais dos regimes autoritários”, disse o encenador ao portal Gerador, explicando que a obra de Orwell permite “perceber que a democracia não é um dado adquirido, é algo que temos sempre de defender”.   

O K Cena começou no Teatro Viriato, há cerca de dez anos, com uma edição centrada na região de Viseu. Na edição seguinte, em 2012, o projeto foi alargado a outros países lusófonos, definindo como objetivo “estimular o gosto pela escrita e interpretação teatral, promovendo a valorização da língua portuguesa”, explica o Teatro Viriato, no seu site. Reconhecer a língua portuguesa e o Teatro “como veículos de desenvolvimento da identidade e do enriquecimento pessoal e interpessoal” são igualmente metas da iniciativa.

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