“No início era eu e uma marioneta num espaço vazio. Era eu a descobrir o que esta marioneta era capaz de fazer. Com a insistência e a repetição, compreendi que era a própria marioneta que (se) estava a descobrir. Percebi então que este era um solo sobre um solo”. Entre 21 e 23 de março, na Sala do Tribunal do Mosteiro de São Bento da Vitória (MSBV), no Porto, Igor Gandra apresenta 'Olo: Um Solo Sobre um Solo', um espetáculo que nasceu da sua demorada convivência com uma marioneta num espaço vazio.
Assumindo a encenação, cenografia e interpretação, Igor Gandra inventou uma performance de escuta, de espera, de partilha. E de autoquestionamento: “Será que é possível representar o que acontece quando nos fechamos sozinhos numa sala de ensaios com o objetivo de criar uma coisa nova? Estaremos realmente sozinhos quando estamos em cena a solo?”. A resposta poderá estar na “boca” de uma marioneta, já que Olo pode ser também o nome do homenzinho que observamos, como quem observa uma criança estranha que brinca com tudo e com nada.
A evocação da memória, o uno e o múltiplo, o um e o outro, mostrar e esconder, conter e ser contido, contar e ser contado são algumas das ideias em circulação nesta criação do Teatro do Ferro, onde se adivinham ressonâncias de universos tão distintos como o de Jorge Luís Borges, Andrei Tarkovsky, Ágota Krystóf ou Heiner Müller. O espetáculo – para maiores de 14 anos – pode ser visto na quinta e sexta-feira, às 21h00, e no sábado, às 19h00. Os bilhetes custam 10 euros.
(Foto: Susana Neves)