No Lorca FC, os treinadores de bancada podem ser... treinadores. A ideia surgiu em 2018, altura em que este clube da região de Múrcia, em Espanha, contava com 500 sócios e tinha dívidas na ordem dos 700 mil euros. O presidente do clube, Roberto Torres García, decidiu inovar, criando uma aplicação que permite aos sócios votar no onze titular, nas táticas a utilizar e até nas substituições

Hoje, a aplicação é uma realidade e o "Manager Real Football" conta com mais 4000 utilizadores espalhados por cerca de 70 países, explicou Torres García ao diário espanhol El País. A lógica da aplicação é aproximada à experiência obtida em videojogos como Football Manager: é possível escolher entre quatro esquemas de jogo e votar no 11 titular. Os resultados mais votados são depois aplicados pelo treinador da equipa.

 

 

A escolha dos titulares e das táticas implica o conhecimento da realidade dos treinos e, por essa razão, o Lorca FC disponibiliza relatórios sobre cada jogador e acompanhar os treinos através do YouTube. Os utilizadores da aplicação podem ainda determinar as substituições a realizar durante o jogo, se houver votos suficientes. 

O poder dos utilizadores tem impacto na equipa técnica. "Com os adeptos no comando, o banco do Lorca FC não é um confortável", recorda o El País. O treinador atual, Víctor Dus, explica que, embora a ferramenta seja útil, resulta numa pressão muito grande: "Há uma maior exigência para nós e para os jogadores, no dia a dia, não é nada fácil".

855x481 07163227nuevos estadios laliga 1l2l3 lorca

Lorca FC disputa terceira divisão espanhola, jogando no Estádio Francisco Artés Carrasco, na região de Múrcia (Créditos: laliga.pt). 

 
Dus é o terceiro treinador esta época, depois das saídas de Walter Pandiani e Walter Caprile, que alegaram incompatibilidade com este sistema. O treinador explica que, até agora, "por sorte", as suas ideias têm coincidido com as dos utilizadores. O Lorca FC está em sétimo lugar, a seis pontos da zona de subida e espera que este novo modelo "o leve de novo ao futebol profissional", explica o El País, que conclui: "E, o mais importante, que capte a atenção de algum investidor que evite a falência".