Madalena Aragão tem 18 anos e desde os 10 que está presente nos ecrãs portugueses. Para além de estar envolvida em projetos nacionais e internacionais, a jovem atriz também ingressou na licenciatura de Design e Comunicação, que tem conciliado com o trabalho “que não tem parado”. Atualmente, Madalena é Olívia, em “Morangos com Açúcar” (McA), uma personagem com quem diz ter “algumas” semelhanças. Como a geração retratada nos Morangos é uma diferente da anterior, refere que “as abordagens não são iguais”, mas espera que quem vê a série olhe para ela como “um retrato da realidade que, por vezes, não é bem aquela que acham que existe nas suas vidas”. 

Desde os 10 anos que és presença regular nos ecrãs, com participações em novelas, séries e filmes. Como é ser reconhecida desde tão jovem? 

Foi algo que aconteceu muito naturalmente. Não foi muito impactante nem algo que, na altura, tenha influenciado demasiado a minha vida. Mas é, obviamente, muito bom sermos reconhecidos pelo nosso trabalho. Quando as pessoas se identificam e sentem realmente a mensagem que tentamos passar, isso é bastante gratificante. Quando odeiam uma personagem ‘má’ ou tentam aconselhar-nos como se fôssemos mesmo a personagem é muito giro. Gosto de acreditar que este tipo de interação acontece porque devemos estar a fazer alguma coisa de bem!

 

 
 
 
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Conjugar estudos e representação foi fácil? Como eras enquanto estudante? 

Sim! Nunca foi uma questão muito complicada e sempre tive muito apoio e ajuda familiar. Como tive de começar a organizar trabalho e estudos desde muito cedo, foi uma ‘consequência’ que veio muito naturalmente. Ajudou-me a ser mais organizada na minha vida pessoal e profissional, por isso foi correndo sempre bem.

 

 

Como surgiu o convite para os novos “Morangos com Açúcar”? Qual a tua reação?

A minha agente recebeu um convite para um casting para uma série que, na altura, nem sabíamos que ser os “Morangos Com Açúcar”. Passadas as duas fases de casting e depois de me ter divertido muito nos estúdios e conhecido algumas pessoas que viriam a ser meus colegas e grandes amigos, recebi a tão esperada chamada e fiquei em êxtase, claro! Quando soube que a personagem era a “Olívia” confesso que me emocionei verdadeiramente.

 


«Esperamos que pais, professores, sociedade em geral, para além dos jovens, possam olhar para esta série também como um retrato da realidade que, por vezes, não é bem aquela que acham que existe nas suas vidas»


  

Quando eras mais nova, qual era a tua personagem favorita e há algum ator das gerações anteriores com quem quisesses partilhar ecrã? 

Na realidade, sou uma das mais novas do elenco, para não dizer a mais nova, portanto, não cheguei a acompanhar assiduamente os primeiros “Morangos com Açúcar”. Só cheguei a reconhecer mais as músicas por influência da minha irmã mais velha, que era e é totalmente fã. Ainda hoje deve saber as letras de todas as músicas dos DZRT de cor.

Qual é que achas que pode ser o papel dos “Morangos com Açúcar” para esta geração?

Os “Morangos com Açúcar” foram e são um projeto que pretende mostrar a realidade e alguma rebeldia dos adolescentes em cada geração. Têm também como objetivo falar sobre assuntos tabu e mostrar com naturalidade outras questões que ainda não são bem aceites pela sociedade. Comparando com os McA do passado, as abordagens não são iguais, por estarmos a falar de uma geração diferente. Existem agora outras formas de comunicar, outros apoios tecnológicos que oferecem acesso a imensa informação e em tempos recordes, que nos podem, ou não, beneficiar. Isso é algo bem transmitido nestes “Morangos”.

Acho que conseguimos passar, de forma clara e contundente, a ideia de um “espaço seguro” para que as pessoas se possam identificar com as nossas personagens, de maneiras diferentes, mas que lhes permitam sentirem-se vistas e ouvidas, independentemente de que indivíduos se tratem. Isto é, por sermos adolescentes/jovens adultos e termo-nos confrontado com muitas questões, tanto na série como na nossa adolescência, trouxemos opiniões, conversas difíceis e assuntos importantes. Fizemos questão de pensar muito bem na melhor maneira de abordar cada assunto, do ponto de vista de cada personagem, sempre com o maior detalhe possível. Relações pessoais, das quais amorosas, familiares, sociais, onde a vida na escola teve um papel muito importante, foram recriadas com muito cuidado. Esperamos que pais, professores, sociedade em geral, para além dos jovens, possam olhar para esta série também como um retrato da realidade que por vezes não é bem aquela que acham que existe nas suas vidas.

 

 

Consideras que tens semelhanças com a tua personagem Olívia?

Tenho algumas, sim. Outras fui incorporando e, noutras características, somos muito diferentes. Acho que essa é a parte gira do nosso trabalho! Viver uma confusão de pensamentos, atitudes e de sentimentos que não são originalmente nossos. Mas que também acabam por nos influenciar.

O que aprendeste com esta experiência dos Morangos com Açúcar? 

Tanta coisa! Aprendi muita coisa sobre mim e sobre a minha ética de trabalho. Foram indispensáveis os muitos métodos que o Marco Medeiros nos foi ensinando, juntamente com a Rita Tristão e o João Cachola. Já para não falar do “Chico” Antunez [diretor e realizador]. Foi dos projetos em que sinto que cresci mais do ponto de vista pessoal. Conheci muitas das pessoas que viriam a ser meus ‘irmãos’ e, sinceramente, diverti-me muito. Se calhar, às vezes até demais!

 


«Quando soube que a [minha] personagem era a ‘Olívia’ confesso que me emocionei verdadeiramente»


 

A estreia desta nova temporada correspondeu às tuas expectativas?

Sim! Foi muito gratificante começar a receber o feedback das pessoas, perceber o que funcionou e o que não funcionou, para tentarmos mudar nesta nova temporada. Mas, claramente, acho que já é um projeto vencedor.

 

Aos 18 anos, tu e o Lucas, o teu namorado, venceram um prémio em Cannes. Sentes que com esse prémio algo mudou na tua carreira?

Deu-me mais reconhecimento, mas tendo sido um prémio de curta com melhor argumento, acho que não mudou muito a minha carreira em termos de representação. Fiquei e estou muito grata e orgulhosa por termos conquistado tanto com um projeto que, inicialmente, era “apenas” um trabalho escolar.

 

 

Quais são os teus planos para o ensino superior?

Entrei na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em Design de Comunicação. Neste momento, não tenho parado de trabalhar e, por isso, tem sido muito difícil conciliar. Tenho tido muito projetos nacionais e internacionais e, neste momento, o meu foco é esse. Quem sabe, no futuro, possa voltar a apostar neste curso.