A edição de 2024 do Ubuntu Fest arrancou com vários workshops que, aliados à arte, permitiram construir pontes entre crianças, jovens e séniores. No Centro de Dia do Centro Social de Oliveira do Douro - Novinhos de Quebrantões, juntaram-se idosos dos 70 aos 90 anos que foram convidados a criar gigantones, numa atividade dinamizada por Isidro Soares.
Já na Escola Básica de Corveiros, houve “Paz e pão para encher o coração”. A artista Francisca Soares pôs uma turma do 3.º ano a pensar num mote para a Paz e, a partir dele, desafiou-os a desenhar vários posters. Os 19 pequenos líderes Ubuntu arregaçaram as mangas e criaram verdadeiras obras de arte, seguindo o mote “paz significa que há amor no mundo”.
Na Escola Básica da Ganja, a turma do 3.º ano, orientada por Filipa Valente, criou o Livro Branco das Plantas Inventadas, um herbário imaginário onde cada aluno desenhou plantas com poderes para melhorar o mundo. Inspirados pela ideia de um livro branco — que explica temas complexos de forma acessível — os alunos usaram a criatividade para resolver problemas globais. Rodrigo, por exemplo, imaginou uma planta que elimina a guerra com um líquido mágico.
O poder da partilha
Pela sala de aula do 3.º ano da Escola Básica de Chousela, entraram vários pratos para alimentar a Paz. Dinamizado pela artista Diana Lucena, este workshop explorou o poder da partilha através da comida, enquanto gesto que promove a união e compreensão. Os participantes foram convidados a desenhar a sua comida favorita e a partilhá-la com quem gostariam.
“Baixar armas, levantar corações“, A Paz nunca pode ser esquecida”, “Queremos Paz, sempre Paz” ou “Respeito pela Paz para termos liberdade” foram alguns dos apelos que nasceram na Oficina - Cartaz pela Paz, na Escola Básica do Cedro, dinamizada pela artista Amargo.
Os educadores participaram em dois workshops de grande impacto. Um deles teve como tema “A Escola Finlandesa – A Experiência de Quem Faz Diferente”. A professora Hanna-Reetta contou, na primeira pessoa, a sua experiência como docente no sistema de ensino finlandês, que prioriza a equidade e o bem-estar dos alunos, retirando o peso e o foco exclusivo nos resultados académicos. Hanna descreveu os dias que passou em Portugal como “um coração muito quente, uma atmosfera acolhedora”, onde conheceu “tantas pessoas bonitas” e onde aprendeu muito: “por isso, obrigada.”
Como mediar conflitos na Escola?
O segundo workshop, “Mediação de Conflitos na Escola – Ferramentas e Estratégias”, abordou a importância de lidar com os conflitos escolares de forma pacífica e colaborativa, com a professora Mónica Soares. Este workshop discutiu como a mediação pode ajudar os alunos a desenvolver competências essenciais como empatia, comunicação e resolução de problemas, promovendo um clima escolar positivo e reduzindo a violência.
Numa oportunidade para refletir sobre a importância da Educação para a Paz, o Ubuntu Fest preparou uma Conferência no Auditório Maestro Cesário Costa. A roda de conversa que juntou Alunos e Educadores Ubuntu permitiu debater sobre como podem os Clubes Ubuntu ser promotores de Paz e perceber de que forma a expressão artística é importante enquanto ferramenta para a arte.
Para Sónia Moreira, Educadora Ubuntu de Valadares, “dá trabalho construir a paz, mas hoje é um ótimo dia para arregaçar as mangas.” Já para a artista Diana Lucena, a expressão artística “é boa para exteriorizar aquilo que as pessoas sentem, funcionando como um veículo que resolve conflitos internos e externos.” Diana destacou ainda que “a paz faz-se de diálogo, de empatia e de procura de entender o outro, de perceber o que é que falta a mim e aos outros,” sublinhando a importância de promover o diálogo e a compreensão mútua.
Depois de seis seminários inspiradores onde se juntaram à mesma mesa jovens de 185 países, o Ubuntu United Nations apresentou os seus resultados, que incluiu uma Rede Ubuntu Digital, um manual de formação, um livro e vídeos tutoriais da Academia de Líderes Ubuntu, co-construídos com uma equipa de parceiros como a Fundação Tomillo, Fundacão SM e Artevio.
Ao palco subiu ainda Nuno Archer de Carvalho (Coordenador de Formação e Desenvolvimento Pessoal no contexto educativo) que destacou que “o Ubuntu tem esta capacidade de ir criando modelos e diferentes projetos que são inovadores e que apontam caminhos. E, portanto, poder a partir do bairro envolver toda a comunidade.” O encerramento ficou a cargo das vozes do coro “Os Corveirinhos”, da Escola Básica de Corveiros, que encheram o Auditório com a sua atuação.
Esta edição encerrou com um lanche convívio de Amigos do Bairro, onde estiveram reunidas as quatro dimensões do Projeto Ubuntu no Bairro (Escolas, Famílias, Empresas e Comunidade), num momento celebração com todos os que participam, colaboram e vibram com esta missão de construir comunidade