As frases ainda são ouvidas com frequência: “para quê tirar um curso, se vou acabar no desemprego?” é um exemplo. Contudo, todos os estudos mostram que a qualificação é um factor decisivo para alcançar o sucesso pessoal e no mercado de trabalho. O desencontro estre estas duas ideias mostra que este é também um problema de comunicação.

Nesse sentido, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) lançou em março de 2018 a iniciativa “Estudar (mais) é preciso”. Ainda que a percentagem de portugueses com formação superior tenha aumentado consideravelmente, destacava a então Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, estes números “estão ainda aquém do que seria desejável alcançar”.

Os dados avançados pelo ministério sustentam esta visão. Em cada 10 jovens com 20, apenas 4 estão a frequentar o ensino superior. Por outro lado, “as taxas de insucesso e abandono têm ainda expressão considerável”, acrescenta a mesma fonte.  

A opção de não continuação de estudos continua a ser sustentada pelo sentimento de que “estudar não compensa”. Mas o que nos dizem os números?

Melhores salários, melhores empregos
Segundo o Education At a Glance (2015) da OCDE, Portugal tem uma compensação salarial “muito elevada” para os licenciados. Em média, alguém com uma qualificação superior ganha mais 69% do que alguém com o ensino secundário. Este número está até acima da média europeia (57%).
Mas há mais números. Cerca de metade dos diplomados do ensino superior ganham pelo menos o dobro do salário médio nacional – um rendimento que está ao alcance de apenas 15% da população em geral.

Estudar compensa? Sim.

Além de melhores salários, destaca o estudo Benefícios do Ensino Superior (2017), da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), as pessoas com maiores níveis de escolaridade “sofrem taxas de desemprego menores” e, quando desempregadas, “conseguem arranjar emprego mais facilmente”.

De acordo com os investigadores, os dados mostram ainda que que os diplomados de ensino superior encontram empregos “mais complexos e diversificados” e “mais seguros”. Por outro lado, existem algumas “diferenças relevantes”, no que toca aos “sentimentos de realização pessoal e de valorização do trabalho realizado”.

 Mais que dinheiro
O estudo da FFMS detalha ainda o que apelida de benefícios não-económicos. Nesta categoria, encontramos mais-valias que vão de áreas como a saúde à participação cívica. 

Desde logo, os diplomados do ensino superior “confiam mais nos outros”. Um dado relevante é que o efeito positivo da educação é atribuído a fatores como “maior confiança interpessoal, um maior sentimento de segurança e uma melhor perceção do seu estado de saúde”.

Por outro lado, os licenciados e mestres, demonstram um “maior nível ode satisfação com a democracia e uma maior confiança nas instituições”, identificando benefícios individuais e coletivos.

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Ajudar a “não desistir”
A campanha “Estudar (mais) é preciso” tem o objetivo de te oferecer informação simplificada sobre o ensino superior – do funcionamento ao acesso, passando pelos cursos, instituições e apoios. Para tal, integra uma plataforma online (study-reseach.pt) e a criação de uma linha direta de apoio (com o número 213 126 100). Simultaneamente, o MCTES lançou o movimento “Não desistas de ti” que inclui um vídeo de promoção, um manifesto, um portal (continuaraestudar.pt) e a iniciativa Comboio do Conhecimento.

Números e Factos
+69% de rendimento médio para alguém com qualificação superior (Fonte: Estudo OCDE)
+50% de salário/hora para um licenciado, nos primeiros dez anos de experiência profissional (Fonte: Estudo Benefícios do Ensino Superior)

Os diplomados do Ensino Superior encontram empregos
+ Diversificados
+ Seguros
+ Complexos
(Fonte: Estudo Benefícios do Ensino Superior)