Hoje em dia, é um dos autores mais consagrados da Língua Portuguesa. Como se sente, por ter mostrado «novos mundos ao mundo» neste campo?
Foi uma surpresa, devo dizer. Não estava à espera. Comecei a escrever aquilo por graça, para mostrar aos meus amigos, e às tantas alguém disse: «Pá, Luís, devias publicar isso!» e eu fiquei a pensar.

Como lhe surgiu a ideia para Os Lusíadas?
Eu sempre li muito e gosto muito dos mitos gregos e tal. Achei que a História de Portugal merecia um bocadinho de salero, um bocadinho de tcharan, e quis dar-lhe isso. E depois, bom, não estou a dizer que é preciso viver uma vida de aventuras pelo Oriente para ajudar à inspiração, mas também não atrapalhou (risos).

 


«[…] Achei que a História de Portugal merecia um bocadinho de salero, um bocadinho de tcharan, e quis dar-lhe isso»
Luís Vaz de Camões


 

Fale-nos um pouco dessa vida de aventuras.
Não há muito a dizer. Isto é, a gente andávamos por Lisboa, a compor versos para as damas, pronto. Às vezes, havia um marido ou um pai ou um irmão que se chateava, havia confusão. Nada de mais, mas não recomendo, ainda assim. O problema era quando me metia à porrada. Por isso é que tive de ir para África e para a Índia.

E dá-se aí o famoso episódio do naufrágio, certo?
Ui, vocês não estão bem a ver. Trovões e relâmpagos, o mar revolto, uma grande confusão! O barco vai ao fundo e eu lanço-me ao mar, só com o meu manuscrito. É tramado nadar só com um braço livre, digo-vos já!

 

Luís de Camões por François Gérard

 

Quer dizer algumas palavras aos milhares de estudantes que, todos os anos, têm de ler os seus textos?
Bom, peço desculpa por qualquer coisinha… Olhem, não se preocupem muito com o verso heróico decassilábico, à medida que se lê uma pessoa habitua-se. E, para ser honesto, há algumas palavras que nem eu sei bem o que querem dizer.