Santo Condestável, São Nuno de Santa Maria, Nuno Álvares Pereira ou simplesmente Nun’Álvares. São muitas as formas como este general do século XIV é conhecido, como é conhecido o seu papel fundamental na independência portuguesa. Em entrevista à FORUM, depois do seu treino diário, em modo de flash interview, o estratega faz um balanço da sua carreira e tece alguns comentários sobre… futebol.
Nasceu em Cernache do Bonjardim, em 1360. Quando é que a ligação militar surgiu na sua vida?
[ofegante] Começou muito cedo, aos 13 anos. Na altura, as pessoas olhavam para mim e já diziam: “este miúdo vai longe, se não se estragar nem tiver lesões”. Sempre dei tudo pela vida militar, estudando as táticas para agradar aos portugueses, que são o mais importante. Isso e pensar batalha a batalha, claro. Foi por isso que consegui ter uma carreira longa e de sucesso: depois de começar por ser escudeiro da rainha D. Leonor Teles, cheguei à figura máxima do exército – que na altura se designava como Condestável do Reino.
O que é que nos pode contar sobre a famosa Batalha de Aljubarrota?
Foi uma vitória muito importante, em que superamos as dificuldades criadas pelo adversário. Batalhámos com menos homens, mas soubemos executar o plano que treinámos durante a semana. O segredo esteve em contornar a inferioridade numérica com a aplicação da tática do quadrado, ganhando o meio-campo ao adversário e criando zonas de pressão inesperadas. É a prova de que há três coisas importantes neste mundo: trabalho, trabalho e arqueiros.
«[A Batalha de Aljubarrota] é a prova de que há três coisas importantes neste mundo: trabalho, trabalho e arqueiros»
Nuno Álvares Pereira teve um papel importante, ao aplicar essa tática que tinha aprendido com forças inglesas…
Eu não vejo as coisas dessa forma. O Nun’Álvares é só mais um, encara cada batalha como a última, e está ao serviço do reino e dos súbditos. Essa é a forma de não perder o foco e a humildade. A carreira militar é curta e temos de estar preparados para tudo. Foi por isso que, já no século XV, me tornei membro da Ordem dos Carmelitas, distribuindo esmolas e refeições pelos mais necessitados. De tal forma que, em 2009, fui oficialmente canonizado, tornando-me o Santo Condestável.
Para terminar, tem algum comentário a tecer sobre a modernidade?
Atualmente, as batalhas travadas entre povos e nações parecem ser de outra ordem, normalmente associadas, tanto quanto me disseram, a um conjunto de pessoas que chutam uma bola. Coisa estranha, não é? Ligo a televisão e tudo o que vejo são pessoas a comentar “táticas” e “estratégias” com “ataques pelos flancos”, "tiros do meio-campo" e “armas secretas” no banco. Ouço muita coisa, mas há algo que queria destacar. É óbvio que a tática do quadrado é superior ao 4-3-3.