Você foi a pandemia mais devastadora desde que há registos. Como explica tanto sucesso?
Muito esforço e muita atenção ao detalhe. Eram outros tempos, também, em que era possível vingar com um bocadinho de determinação. As condições de higiene, que não existia, também ajudaram (risos).

Não acha que seria possível replicar esse êxito nos dias de hoje?
Creio que não. Sabe, tenho uma grande admiração pelos humanos. A maneira como inventaram remédios, vacinas, medidas, tanta coisa para nos combater. Acaba por nos dificultar a vida e tornar as coisas mais renhidas (riso sinistro). As coisas mudam e sinto que pertenço a outro tempo. Basta ver, por exemplo, os ratos, que foram um dos meus grandes aliados. Hoje em dia, já ninguém anda a transmitir doenças pelos ratos, já ninguém faz isso. Isso deixa-me a pensar.

 


«[...] Tenho uma grande admiração pelos humanos. A maneira como inventaram remédios, vacinas, medidas, tanta coisa para nos combater»


 

 

Temos de falar, claro, na pandemia de hoje: a covid-19. O que pensa desta situação?
Enfim, a rivalidade entre bactérias e vírus é bastante antiga e o coronavírus está a fazer um trabalho impressionante, do ponto de vista epidemiológico. Mas deixe-me dizer que também acho que ele está a ter alguma ajudinha, se é que me entende… Queria vê-lo a trabalhar assim antes da globalização, como eu fiz! Isso é que eram tempos!

Não pensa regressar aos palcos mundiais para fazer face a esta competição?
Voltar? Acho que já fiz o que tinha a fazer. Quando isto da Covid-19 começou, em quem é que falaram logo? Em mim e na Espanhola, claro. Mas não sinto vontade de regressar. A Espanhola tem um atelier e faz uns workshops giros, tanto quanto sei, mas eu não estou para isso. Sinto que já deixei a minha marca.