Rodolfo, preparado para mais um Natal?

Meu filho, passados tantos anos isto já é memória muscular! (risos) Ali o bom, velho Nicolau dá os comandos e eu obedeço. Às vezes até consigo “passar pelas brasas” em voos de longa distância. É um trabalho muito pacífico e só acontece durante uma noite por ano. Nas restantes, fazem as outras renas o trabalho. Admito que, pela experiência e estatuto, sou um bocado mimado.

Como é ser a rena mais célebre do Pai Natal?

É gratificante, sabes? Fazem canções, livros e histórias acerca de mim e poucos me vêm, mas mesmo assim reconhecem o meu trabalho. (suspira) Só é pena uma coisa… Muita gente canta sobre o meu nariz vermelho, poucos sabem que tenho sinusite crónica.

Foi algo que o acompanhou desde sempre?

Sim e eu não quis saber, tenho um ligeiro medo da bata branca do veterinário. A certa altura, o Nicolau já não me deixou ir tratar disto. Disse que eu não podia perder a minha imagem de marca, que havia muito marketing à volta do meu nariz, músicas compostas, merchandise… Então deixei andar e olhe, tive de me habituar não é?

Isso não é um pouco tóxico da parte do Pai Natal?

Não lhe chamaria tóxico. Ele está só a proteger o seu sustento. (sorri) O que é uma sinusite quando a venda de 200 camisolas com o meu nariz vermelho a brilhar paga um carregamento de lenços para o ano todo e a ração de um mês? Abençoada inflação.

Não pensa em aproveitar a reforma?

Aqui entre nós, o Pai Natal já há 20 anos que anda a dizer “pois é Rodolfo, estás quase na reforma”. Mas no final de mais uma consoada ele vira-se para mim e diz “não consigo fazer isto sem ti”. Ele consegue ser muito brincalhão, fico à espera daquele “ho ho ho” que mostra que está a brincar mas ele nunca vem. É uma consoada de cada vez, acredito que esta possa ser a tal. Se não for, é arrepiar caminho que há muita prenda para entregar. Já agora, trouxeste uma cenourazinha? Ele atrasou-se no subsídio de alimentação outra vez.