Denis Diderot - escritor francês nascido em 1713 e falecido em 1784, do qual já deves ter ouvido falar nas aulas de Filosofia - costuma ser associado à batalha de longas décadas que deu ao mundo a primeira Enciclopédia. Porém, os seus textos mais ousados permaneceram na sombra.

Encarcerado devido ao seu ateísmo em 1749, Diderot decidiu reservar os melhores escritos para a posteridade – ou seja, para nós. No extraordinário espólio de originais não publicados, Diderot desafia todas as verdades aceites no seu século, da santidade da monarquia à justificação racial do tráfico de escravos e às regras da sexualidade humana. Catarina, a Grande, da Rússia foi uma leitora fiel de Diderot, e, além de o ter apoiado financeiramente, convidou-o a deslocar-se a Sampetersburgo para estudar a possibilidade de democratização do Império Russo.

Tudo isto ficamos a saber neste livro organizado tematicamente, que se estende por 461 páginas, uma aposta da Temas & Debates/Círculo de Leitores. Nesta, Andrew S. Curran descreve de forma vívida o relacionamento tormentoso de Diderot com Rousseau, a sua curiosa correspondência com Voltaire, as suas paixões amorosas e as suas opiniões frequentemente iconoclastas sobre a arte, o teatro, a moral, a política e a religião. Porém, o que este livro evidencia é a maneira como a tumultuosa vida pessoal do escritor se tornou uma componente essencial do seu génio e da sua capacidade para escarnecer de tabus, dogmas e convenções.