Baseada numa investigação histórica, a autora publica um conjunto de dicas para que as leitoras possam contornar os comportamentos externos (sexistas) e internos (autossabotagem) que assolam as mulheres hoje em dia. “Todas têm de lutar”, lê-se na capa deste livro que a revista Playboy define como “um manifesto de serviço público extremamente necessário”. Parte manual, parte manifesto, e não obstante tratar-se de um guia humorístico, estas dicas são definidas pela editora como “a arma que as mulheres modernas precisam para enfrentar sintomas de sexismo nas suas carreiras profissionais”.

Jessica Bennet providencia um novo vocabulário para os arquétipos sexistas que as raparigas, mais ou menos maduras, enfrentam no mundo laboral. Temos, por exemplo, o interruptor: o homem que fala por cima das colegas durante as reuniões. Há também o imitador (aquele que está sempre a copiar as ideias delas) ou o estenografotário (o que a trata como se fosse a secretária da empresa mesmo quando não é essa a sua função). Tudo clássicos que devem ser combatidos, fáceis de diagnosticar e cujos tiques começam logo desde muito cedo, até mesmo nos tempos de escola… “Logo no Ensino Básico, há uma hipótese oito vezes maior de os rapazes responderem espontaneamente durante as discussões na sala de aula, aponta a autora na introdução do livro, enquanto “é ensinado às raparigas a levantar a mão e a esperar a sua vez de falar”. 

CLUBE COMBATE

A obra, uma aposta da editora Alma dos Livros, apresenta em 311 páginas tanto investigação como histórias pessoais, estatísticas, infográficos e conselhos de peritos. “Conhece o Teu Inimigo”, “Conhece-te a Ti Mesma”, “Armadilhas”, “Encontra a Tua Voz”, “Vai-te F… e Paga-me” e “OQFM – O Que Faria o Manuel?” são os capítulos a reter neste livro que instiga a “Lutar pela Igualdade Num Mundo Pós-Trump”, frisa a própria nota da autora.

Escrevi um livro sobre as formas subtis através das quais o sexismo e a parcialidade afetam aqueles que detêm o poder”, conta a autora referindo-se muito especificamente ao país onde nasceu o movimento de emancipação feminina #metoo. “As atitudes estão profundamente enraizadas na nossa cultura, na qual, durante centenas de anos, foram os homens quem comandaram e quem assumiu o leme, e estes eram os únicos que tinham o direito de se fazer ouvir. (…) Mesmo no cinema ou na televisão são as personagens masculinas que têm discursos mais disruptivos, têm duas vezes mais falas e mais tempo de ecrã do que as colegas mulheres. (…) Este livro é sobre como reunir esforços para lutar contra todo o tipo de injustas”, sintetiza.