A partir de quinze anos de textos dispersos e apontamentos, Valter Hugo Mãe revisita os primeiros anos da sua vida. Exercício de confronto com memórias distantes, como quem regressa a casa depois de prolongada ausência, esta obra é também uma procura das nossas grandes crianças, as que começámos por ser e que caducaram, partiram, tantas por ofensa, tantas apenas por esquecimento. Olhos nos olhos com a infância, o autor procura as memórias de África, das primeiras palavras, da escola e da vida em Paços de Ferreira, da descoberta da amizade e da poesia, da mudança para as Caxinas e da família.
A pintura que ilustra a capa de Contra mim é assinada pelo artista plástico Agostinho Santos.
«Num ano introspectivo, em que todos nos vimos a medo e tantos padeceram ou não resistiram, convidados a uma heroicidade que passou muito por resistir à solidão, suportar nossas próprias consciências no bocadinho de nossas casas e famílias, acabou sendo perfeito regressar a estes fragmentos, exactamente como regressar a mim sem maior desejo do que aquele de encontrar a motivação mais antiga: a de que ainda haverá beleza.»
Valter Hugo Mãe
É um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em variadíssimas línguas, merecendo um prestigiado acolhimento em países como o Brasil, a Alemanha, a Espanha, a França ou a Croácia. Publicou sete romances, incluindo o remorso de baltazar serapião (Prémio Literário José Saramago), e escreveu alguns livros para todas as idades. A sua poesia encontra-se reunida no volume publicação da mortalidade. Publica as crónicas Autobiografia Imaginária, no Jornal de Letras, e Cidadania Impura, na Notícias Magazine. Coordena ainda a coleção de poesia elogio da sombra, publicada pela Porto Editora.