O desejo de, João Noronha (Presidente da ESAC), de que a tarde de quinta-feira fosse «interessante» foi totalmente realizado. Ao longo de hora e meia, 10 oradores formados no IPC revelaram à plateia de quase 200 estudantes quais os desafios que os aguardam enquanto jovens trabalhadores. «Para perceberem o que as pessoas que estudaram no politécnico estão a fazer e o que vocês podem vir a fazer», explicou o mesmo responsável. O modelo de palestra, ao jeito das tão em voga ted talks, é assumidamente inspiracional, até porque vive do testemunho de oradores que «há pouco tempo estiveram do vosso lado», sublinhou Gonçalo Gil (Diretor da Forum Estudante) nas boas-vindas à audiência.
Nesta que foi a 3.ª edição das Job Talks, Catarina Oliveira, formada em Engenharia Alimentar, foi a primeira a partilhar a sua experiência. «Não estamos preparados é a primeira sensação», confessou sobre a entrada na vida profissional. Por isso há que «ir buscar mais conhecimento», até porque «nunca sabemos tudo. «A escola ensina mas nós temos sempre que continuar a pesquisar. No seu caso, para superar o desafio de dar um novo fôlego a um negócio familiar» mas também de encontrar um equilíbrio entre a aquisição de novos conhecimentos e o retorno financeiro do seu trabalho.
Já Miguel Midões, ex-aluno da ESEC no curso de Comunicação Social, sustentou a sua apresentação na ideia-chave de que há que encontrar «a nossa voz». A este jornalista da Rádio TSF faz-lhe confusão que tanta gente chegue ao Ensino Superior sem sabe o que vai fazer na vida. Há que «seguir o sonho, preencher as lacunas dos cursos». «Temos de aceitar de bom grado aquilo que nos dão mas também saber procurar», disse. «Fazer um curso superior e construir uma carreira é como fazer um trail: arrastem-se, tentem, esforcem-se, que vão conseguir de certeza absoluta», rematou.
Igual determinação foi exigida a Maria Sarabando, «uma mulher entre homens» nas aulas e no trabalho, uma vez que é Engenheira Mecânica. Ou foi, já que, entretanto, passou a Inspetora do Trabalho. Por isso, Maria acredita que «um dos maiores obstáculos na vida é saber lidar com os outros».
Deve ser a tal capacidade de adaptação de que falou Francisco Gouveia, formado em Fisiologia Física na ESTESC, umas das características mais importantes em contexto laboral. Isso e trabalhar em equipa, ter capacidade de autonomia e de tomar decisões sob pressão, distinguindo o importante do urgente. Fazer Erasmus e ter muitas atividades extracurriculares foram outras das dicas lançadas aos jovens, mesmo que com isso tenham de roubar tempo ao sono. Francisco sabe do que fala, pois além de Técnico de Cardiopneumologia é, entre outras coisas, bombeiro.
Inês Pronto, por seu turno, desafiou a plateia a imaginar-se dali a 5 anos... vale tudo, claro, pois que «somos diferentes e por isso os percursos nunca são iguais». Esta licenciada em Turismo pela ESAC, fundadora da Ceira Travel e Técnica Superior de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Cantanhede frisou que «não devemos ligar às pessoas que nos influenciam a não seguir». «Sigam o vosso coração» e não desesperem com o fracasso. Ou, como diria o seu avô e mentor, «não desistas, tem calma, foi só um dia de chuva».
A paixão e o talento inato para um ofício que depois se aprende nas salas de aula (ou, no seu caso, no campo) são o exemplo deixado por Paulo Valente, licenciado em Engenharia Agropecuária pela anfitriã destas Job Talks, a ESAC. No seu jeito genuíno, mais que encantou a plateia.
As dificuldades de ingressar mais tarde no Ensino Superior, já casada e com dois filhos, e também consequentemente no mercado de trabalho, levaram Susana Mareco a escolher uma via profissional que lhe permitisse trabalhar por conta própria. Daí o curso de Solicitadoria no ISCAC, uma área na qual estava «totalmente às escuras». Esta oradora aconselhou que se deve «aprender fazendo», até porque muitas vezes só se descobre do que se gosta depois de passarmos da teoria à prática. «Hoje, trabalhar no que se gosta é um luxo mas se tal não acontecer de imediato não há que desistir porque às vezes demora».
Menos compassos de espera na vida teve Nuno Rodrigues, ex-aluno do ISEC em Engenharia Biomédica. Ter boas notas, ser proativo e ambicioso, «fazer de todas as oportunidades a derradeira oportunidade» foram as dicas deixadas por este Field Service Engineer na Roche Diagnostics para que os futuros profissionais possam diferenciar-se uns dos outros.
O direito à diferença é precisamente o que sustenta o negócio de Marisa Maganinho, CEO da Agência de Viagens euvoo, especializada em Turismo Acessível. Na sua exposição esta licenciada em Língua Gestual (aliás o evento foi integralmente traduzido para esta língua oficial portuguesa por três alunos desta licenciatura) fez-se acompanhar de Cátia Barbosa, formada em Comunicação Organizacional, sendo ambas alumni da ESEC. «Cheias de ideias», como mantra deixaram a frase "se não resultar, algo mais virá". E assim é quando se tem uma vida toda pela frente.
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