Europass é um nome facilmente associado a um formato de currículo uniformizado para toda a Europa mas o Centro Nacional Europass é muito mais do que isso. Catarina Oliveira, responsável do Centro, apresentou o Kit Europass, um conjunto de documentos e ferramentas que pretendem auxiliar na criação de uma boa candidatura a um emprego.

IMG 9134 p

Para além do conhecido CV existe também um Passaporte de Línguas que complementa a secção de competências linguísticas do currículo Europass pois permite colocar formação linguística não formal. Por exemplo, se alguém sabe falar italiano porque tem um pai italiano ou se teve uma determinada classificação a inglês numa escola de línguas mas entretanto, ao longo da vida, o nível de inglês aumentou, essas informações podem ser colocadas no Passaporte.

O Europass Mobilidade é um documento emitido pelo Centro Nacional Europass e serve como prova de um período de tempo passado num país estrangeiro, seja um estágio numa empresa, um trimestre de estudos integrado num programa de intercâmbio ou uma colocação voluntária numa ONG.

O Europass Suplemento ao Diploma é um documento para acompanhar um certificado ou diploma de instituição de ensino superior e pretende fornecer uma melhor compreensão das qualificações académicas obtidas, sobretudo fora do país em que as mesmas foram atribuídas. Este documento é emitido gratuitamente pela respetiva instituição de ensino superior.

Quanto ao preenchimento do Europass CV, Catarina Oliveira deixa várias dicas: não usar sublinhados, palavras em maiúsculas ou negritos, ter atenção à pontuação e aos erros ortográficos e apresentar as habilitações de forma lógica e clara, evitando frases longas. É de ter também em atenção a fotografia utilizada - a pose deve ser adequada e são de evitar fotos com óculos de sol, em bikini, com amigos ou a segurar garrafas de bebidas alcoólicas.

Ter feito catequese, participado nos escuteiros, ter experiência de voluntariado, ter integrado uma associação de estudantes ou mesmo ter sido delegado de turma são tudo experiências que valorizam o currículo e que são privilegiadas pelos empregadores.

Para além do contexto em que se adquire as competências transversais, que podem ser as atividades mencionadas anteriormente, é também necessário saber elaborar de que forma exprimimos essas competências. Para isso o Centro Nacional Europass disponibiliza ferramentas de autoavaliação que ajudam à criação de um perfil mais específico de competências transversais.

Segundo a responsável do CN Europass os principais erros cometidos num CV são uma foto ou email desadequado (o email contém palavras ou expressões pouco profissionais), a presença de erros ortográficos, colocar o cargo a que se propõe errado e não incluir carta de motivação. Esta carta deve ser um documento que explica as razões pelas quais o candidato se está a propôr ao cargo e não deve substituir o CV - em vez disso deve levar o recrutador a querer consultá-lo.

Para quem está a pensar emigrar, a Rede EURES é uma "parceira" fundamental. A EURES é uma rede europeia de serviços de emprego que tem como objetivo facilitar a mobilidade dos trabalhadores dentro do Espaço Económico Europeu.

IMG 9150 p

De acordo com Helena Lourença, conselheira EURES em Portugal, há várias dúvidas e dificuldades que se apresentam quando se decide emigrar, tais como que país escolher, como lidar com a barreira linguística, perceber como funcionam o sistema de apoio social e o acesso aos sistemas de saúde, o reconhecimento do diploma e, no caso das profissões regulamentadas, o reconhecimento profissional.

Se a emigração for um projeto a longo prazo apresentam-se ainda as questões de encontrar emprego para o companheiro, a integração dos filhos no sistema de ensino e as decisões a tomar quanto a propriedades que se possuam em Portugal.

A Rede EURES oferece vários serviços de informação, aconselhamento e até de colocação num emprego (através da base de dados do portal) que pretendem dar resposta a todas essas dúvidas e dificuldades.

Para jovens entre os 18 e 30 anos a EURES disponibiliza ainda apoio financeiro através do programa "o teu primeiro emprego EURES" que financia despesas de deslocação para comparecer a uma entrevista ou resultantes da mudança para outro país e as despesas com formação linguística.

A próxima ferramenta apresentada não foi um portal mas uma rede de pessoas. O Grupo de Entreajuda para a Procura de Emprego (GEPE) é um projeto do IPAV já com dois anos que cria um grupo de apoio para pessoas que estão desempregadas.

IMG 9168 p

Como explicou Crisitna Carita, coordenadora do projeto, o GEPE destina-se particularmente às pessoas que sofrem um maior impacto psicológico devido ao desemprego, oferecendo-lhes um ambiente onde podem partilhar as suas experiências e ajudarem-se mutuamente, mantendo-se ativos e motivados na procura de um emprego.

Os grupos encontram-se espalhados por todo o país e são constituídos por 8 a 10 membros que se reúnem semanalmente durante um ano. As reuniões acontecem em instituições que cedem uma sala para este efeito e são discutidos e trabalhados temas como o CV, as entrevistas de emprego e networking. Algumas perguntas-base discutidas nas sessões são "o que fiz na semana passada para procurar emprego?", "o que fiz nessa semana para ajudar os colegas do grupo a encontrar emprego?" e "o que vou fazer na próxima semana para encontrar emprego?".

Para acabar a sessão da manhã deste seminário Jorge Vicente da Forum Estudante deixou-nos com uma apresentação positiva, baseada no estudo "Preparados para trabalhar?" e cheia de boas notícias para quem quer melhorar a sua empregabilidade.

IMG 9177 p

O estudo foi elaborado no âmbito do Consórcio Maior Empregabilidade, organizado pela Forum Estudante, e veio dar algumas pistas quanto ao tipo de competências de que o mercado de trabalho está à procura e aos fatores que aumentam a empregabilidade dos jovens.

Foram realizados 11 focus groups a jovens que se diplomaram entre 2008 e 2013 e 10 a empregadores. Destes jovens 72,5% estavam a trabalhar, 90% a tempo inteiro e 25,5% recebiam mais de 1251€ de salário líquido. Apurou-se ainda que 82% dos jovens entrevistados estavam empregados num cargo que tinha relação muito forte, forte ou moderada com o seu curso e 89% estavam totalmente, muito ou medianamente satisfeitos com o seu emprego.

Os jovens diplomados eram também da opinião que a licenciatura é uma ferramenta importante que funciona como "porta de entrada" para o mercado de trabalho e o mestrado aumenta ainda mais as possibilidades de emprego. Outras formas de aumentar a empregabilidade são envolver-se em atividades extra curriculares, fazer estágios e/ou Erasmus, ter experiências de trabalho (por exemplo durante o verão), fazer voluntariado, participar em Associações de Estudantes e Tunas, em seminários, conferências e concursos de empreendedorismo.

Hoje em dia um dos pontos fulcrais num candidato a um emprego é o nível de competências transversais que esse tem. O estudo apresentou 10 competências transversais e profissionais aos diplomados dos focus groups e pediu que as classificassem. Os jovens indicaram a análise e resolução de problemas, a aprendizagem ao longo da vida e o trabalho em equipa como as competências que mais utilizavam e a assunção de risco, liderança e o domínio das línguas estrangeiras como as menos usadas. Quanto à confiança na sua capacidade para demonstrar as competências os jovens consideraram-se mais aptos na aprendizagem ao longo da vida, em ética e responsabilidade social e no trabalho em equipa e menos aptos em liderança, em assunção de risco e no domínio de línguas estrangeiras.

Um exercício idêntico foi pedido nos focus groups realizados com os empregadores e estes consideraram que, das 10 competências apresentadas, os jovens diplomados das suas empresas estavam melhor preparados para demonstrar competências de tecnologias da comunicação e informação, trabalho em equipa e aprendizagem ao longo da vida. Por outro lado as competências para as quais os jovens estavam menos preparados eram a tomada de decisão, a assunção de risco e liderança.

Já a acabar a sua apresentação Jorge Vicente deixou uma chamada de atenção para o facto de apesar do investimento nestas competências ser importante estas não substituem um diploma. Estas competências apresentam-se apenas como um fator diferenciador e decisivo num mercado de trabalho que atualmente já assume boas competências técnicas (ou seja, um diploma) como ponto certo.

{module Always On}

{module Pub}