Todos os jovens têm a sua série preferida, despendem horas a fio a verem os vídeos dos seus youtubers favoritos. E no que à televisão ou à rádio diz respeito? Não há duvidas de que os hábitos de comunicação de hoje são muito diferentes, e no seio dos jovens isso ainda é mais notório, mas na hora de ver como se põe de pé um programa de rádio e de televisão, o deslumbramento e a magia de estar no ar é partilhado entre todos. Foi esse espírito que se viveu hoje, na Academia Politécnico LX, durante visita às instalações do Grupo Renascença Multimédia e nos estúdios de televisão da Escola Superior de Comunicação Social.
Rádio: no carro, no digital, em todo o lado
São mais de 80 anos de história, 4 estações de rádio, perto de 2 milhões de ouvintes. O grupo que junta as rádios Renascença, RFM, Mega Hits e Sim, após uma estadia de várias décadas em pleno coração da cidade de Lisboa, no Chiado, mudou-se, há cerca de 3 anos, para umas instalações mais amplas e modernas em Benfica.
Apesar de várias teorias que apontavam a morte da rádio sendo como certa, resultado do aparecimento da Internet, o que efetivamente se verifica é que a rádio está mais do que nunca viva. E a presença no digital revela-se estruturante. Na visita à redação, saltam à vista as várias ilhas de trabalho, umas viradas para a programação em direto on air, outras para a produção de conteúdos para o digital. O tempo é de imediatismo, do “clique fácil”, e por essa mesma razão há que perceber até que ponto “a rapidez é mais importante do que a verdade e a factualidade das notícias”, questão deixada no ar por Cristina Nascimento, jornalista da Renascença.
Mas não só de informação se faz a programação da rádio. É o entretenimento que preenche grande parte das grelhas, e que ocupa o chamado horário nobre, de manhã e ao final do dia, e que faz companhia a milhares de portugueses todos os dias. José Coimbra, uma das vozes da RFM, atualmente está no ar no final da manhã, de segunda a sexta feira. Durante 10 anos foi, juntamente com Carla Rocha (atual voz das manhãs da Renascença) a cara e a voz do programa de rádio mais ouvido nas manhãs radiofónicas nacionais, o Café da Manhã.
Em conversa com os participantes da Academia Politécnico LX, o radialista deu um bom exemplo prático de como a rádio se soube reinventar e “aproximar-se dos ouvintes de todos os dias”. A rubrica “Friday Boys”, em antena todas as sextas feiras de manhã, prova-o: todas as semanas, uma equipa de uma empresa que, por exemplo, durante o seu horário de trabalho tem a RFM sempre sintonizada, passa em estúdio uma hora com o seu chefe, a ouvir música eletrónica... às 10 da manhã. É a rádio de proximidade do século XXI.
Para o segmento mais jovem, o grupo Renascença conta no seu leque de rádios com a Mega Hits, pelo que não é de estranhar que a esmagadora maioria destes jovens que, por estes dias, conhecem as várias faculdades do Politécnico de Lisboa a sintonizem com frequência. Ou ainda espectadores assíduos de rubricas da rádio no Youtube, como é o caso do “Cala-te Boca”, um sucesso de visualizações.
Catarina Palma é um dos rostos da mais jovem rádio do grupo, colocando a sua voz em antena há perto de 5 anos. Para todos aqueles que querem seguir a área da comunicação, é clara quanto ao que considera ser o papel basilar da rádio na vida de qualquer comunicador: “Quem faz rádio ganha a estaleca suficiente para poder fazer qualquer coisa em Comunicação”, frisou a radio host, que mais recentemente deu o salto para a televisão, sendo uma das repórteres do magazine “Faz Faísca” da RTP1.
"Quem faz rádio, ganha estaleca
suficiente para poder fazer
qualquer coisa em Comunicação".
Catarina Palma, Mega Hits
Mas estando nas instalações do Grupo Renascença, era impossível não passar pelo estúdio da Rádio Renascença. Por lá, quem recebeu os participantes foi Paulino Coelho. O radialista, uma das vozes incontornáveis da Rádio Renascença, abriu o microfone à equipa da Academia Politécnico Lx para os perto de 500.000 ouvintes que diariamente passam pela antena da rádio que dá nome ao grupo. Quem sabe se do outro lado do rádio não estaria um jovem que está de férias, sem grandes planos para as preencher, e não ficou com vontade de conhecer melhor o Politécnico de Lisboa e participar na próxima edição desta Academia?
No ritmo frenético de um estúdio de televisão
Mas se o dia começou com um ida à Rádio, o próximo passo do roteiro pela oferta educativa do Politécnico da capital estava mais do que identificado: e se pudesse estar por alguns minutos frente a uma câmara, ou ser operador de câmara?
Para tirarem todas as dúvidas, os participantes da Academia Politécnico LX puderam “meter as mãos na massa” na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS). Esta mesma expressão é utilizada por Sandra Miranda, vice-presidente da ESCS, para descrever aquela que considera ser uma das mais-valias resultantes do facto desta escola estar integrada no ensino politécnico. Uma Escola onde “a articulação entre o saber académico e o saber prático” prepara os alunos para o mercado de trabalho.
Os dois estúdios de televisão que servem a Escola (e que servem de “laboratório prático” para todos os alunos) foram o local onde os 50 jovens puderam sentir aquele que é o fervilhar de um cenário de televisão numa emissão sem rede e de improviso total. Uns à frente das câmaras, no papel de apresentadores ou convidados, outros atrás das mesmas como operadores ou realizadores. E, para muitos, o mito que existe de que para estar em direto basta “abrir a boca e falar” caiu por terra.
Os diretos são feitos de imprevistos, de acontecimentos de última hora, de falhas técnicas que podem acontecer. Como tal, um bom produto de televisão só o é quando resulta de um trabalho de equipa exigente, mas, no fim de contas, reconfortante. Na ESCS, o que era pedido era apenas para “fazer de conta”. Mas mesmo nesse ambiente não tão rígido ou de elevada pressão, os erros aconteceram: “enganámo-nos, trocámos câmaras, carregámos em botões errados, e isto era apenas a fingir, não quero nem imaginar a pressão que é não poder errar um milímetro que seja para não comprometer o trabalho de toda uma equipa”, concluiu Bernardo Catarina, um dos jovens que fez parte das equipas técnicas de estúdio.
“Lisboa, menina e moça”
Da parte da tarde, houve tempo para uma longa (e quente) caminhada pela cidade de Lisboa, passando pelos locais mais emblemáticos da capital, seja o caso do Rossio, do Castelo de São Jorge ou ainda do Parque Eduardo VII. É preciso não esquecer que grande parte dos estudantes que, durante esta semana, participam no Politécnico de Lisboa, são de outros pontos do país que não a capital. Pelo que poder conhecer melhor a “Lisboa, menina e moça”, como já lhe chamava o fadista Carlos do Carmo, foi uma experiência “a não esquecer”.
Um dia que não terminou sem o tão esperado Sunset, uma espécie de Santos Populares alargados para o mês de Julho no coração da freguesia de Benfica. Um momento de partilha entre participantes, staff, Federação Académica do Instituto Politécnico de Lisboa e os vários Gabinetes de Comunicação do Politécnico. Efetivamente, toda esta Academia tem-se feito de partilha. Amanhã essa partilha vai fazer-se por via da música.