Foi já no final da entrevista, durante as ações do DNAe, que o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, destacou aquilo a que apelidou de “bom exemplo”, apontando para uma banca de vegetais. “À distância, não sabemos se aquele ramo é de coentros ou de salsa”, realçou, antes de completar: “Precisamos de cheirar, de tocar e de provar para tirar as dúvidas. É esse o mote para este dia nacional”. 

Um pouco por todo o país, mais de 220 escolas receberam hoje atividades agrícolas. O objetivo, destacou Eduardo Oliveira e Sousa, passou por garantir aos estudantes o contacto com os produtos que lhes chegam à mesa, garantindo uma explicação da sua origem: como se semeia, como se cultiva, como se colhe, como se transforma.

Nos Açores, a dinâmica foi invertida: foram as escolas a deslocarem-se até ao recinto da Associação Agrícola de São Miguel, onde mais de 30 espaços lúdicos e informativos aguardavam os estudantes. No total, 4000 estudantes do 1º ao 6º ano de escolaridade passaram por este recinto, durante a manhã de hoje, sendo que, segundo revelou o presidente da CAP, houve cerca de 1000 que não conseguiram marcar presença, uma vez que se esgotaram os autocarros da ilha. “Isto demonstra a grande mobilização de toda a região”, salientou.

"4000 estudantes passaram por este recinto (...) 
e esgotaram-se  todos os autocarros da ilha. 
Isto demonstra a grande mobilização de toda a região".
Eduardo Oliveira e Sousa, Presidente da CAP

“Nos Açores, este dia tem uma expressão extraordinária”, reforçou Eduardo Oliveira e Sousa, destacando o envolvimento das escolas, da associação agrícola regional, o governo regional e os professores. O tema para este Dia Nacional da Agricultura nas Escolas – o Leite e o seu ciclo produtivo – é também especialmente adequado, tendo em conta as características da região.

Por terras da Agricultura
Foi depois de experimentar ordenhar uma vaca que Gonçalo, um dos estudantes que participou nas atividades do dia, falou com a FORUM. Diz ter gostado das atividades, sobretudo pelo fator novidade: “Fiz coisas que nunca tinha feito”. Para além de uma vertente ligada à produção animal, foi possível aos estudantes visitar espaços dedicados, por exemplo, à flora endémica, do processo de produção e transformação dos vegetais ou aos benefícios da separação de resíduos.

De acordo com o Presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, estiveram hoje representados todos os ciclos produtivos característicos da região. Uma das ideias-chave, destacou, é que as crianças que “se habituem a contactar com a terra ou com um animal”. Por essa razão, na seleção das escolas, “o foco esteve nas escolas mais urbanas”, para que os estudantes “percebam que o leite não vem do pacote, a alface não vem do supermercado e a carne não vem do talho”. Para além de “aumentar o gosto pela agricultura” nos jovens, a ação possibilita também que eles possam “responsabilizar os pais pela importância que este setor tem no seu dia a dia e no seu bem estar”, reforçou o dirigente.

"Queremos que os estudantes percebam 
que o leite não vem do pacote, 
a alface não vem do supermercado
e a carne não vem do talho".

Jorge Rita, Presidente da Associação Agrícola de São Miguel

A mesma ideia foi realçada pelo Secretário Regional da Agricultura e Florestas, João Ponte, que marcou presença no evento: “Neste contexto, garante-se um contacto próximo com a agricultura evidenciando a sua importância no dia a dia das pessoas”. Destacando a importância pedagógica do evento, o membro do governo regional salientou ainda a relevância desta ação, “ao destacar o papel do setor na sustentabilidade ambiental da região”.

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