“O mundo do trabalho está a mudar”, destaca a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE): “Digitalização, globalização, envelhecimento da população e a transição para uma economia de baixo carbono estão a afetar os empregos disponíveis e as competências necessárias para os desempenhar”. 

De acordo com o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional – CEDEFOP, em Portugal, até 2030, os setores da energia, das tecnologias da informação e da administração serão alguns dos que mais vão crescer, em termos de emprego. Neste contexto, acrescenta a mesma fonte, a qualificação profissional será muito relevante – 4 em cada 5 empregos vão requerer qualificações médias (níveis 3 e 4 do QNQ) ou elevadas (níveis 5 a 8). 


O contexto da mudança

O termo “Indústria 4.0” é aplicado em referência à quarta revolução industrial e baseia-se, como tal, no desenvolvimento tecnológico recente. Conforme relembra o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional – CEDEFOP – o conceito “tornou-se um sinónimo para uma nova revolução industrial baseada em digitalização, automação, networking e processos de produção flexíveis”. 

Segundo o CEDEFOP, essa realidade começa já a tomar contornos bem definidos. Muitas fábricas de alta tecnologia são já “(quase) vazias de ser humanos”. Uma fábrica com uma menor presença humana não significa, contudo, uma maior taxa de desemprego. As mudanças terão, de resto, “um efeito positivo no desenvolvimento económico” e significarão até uma valorização do trabalho, garante um estudo da plataforma Skills Panorama. A grande novidade, acrescentam, é que existirá “uma mudança estrutural para a área dos serviços”.

 

 

Ambos os estudos salientam uma nota, contudo: não existem certezas quanto ao caminho que a Indústria 4.0 tomará. Um dado frequentemente referido indica que, dentro de 10 anos, 60% das profissões existentes ainda não foram criadas nos nossos dias. O que levanta uma questão adicional: como se preparam os jovens para as profissões de futuro, quando essas mesmas profissões são ainda desconhecidas,

Num mundo em mudança, há uma certeza: o futuro implicará “uma adaptação constante da força de trabalho aos novos processos de produção”, conclui um estudo dedicado ao impacto da quarta revolução industrial na Alemanha. Ainda que muitas das novas profissões venham a exigir trabalhadores com formação superior (particularmente nas áreas de informática, matemática, ciência e engenharia), “o desemprego para pessoas sem formação profissional vai aumentar ainda mais”, garante o CEDEFOP. 

 

 

Hoje em dia, acrescenta o estudo, as empresas estão a cooperar mais com as instituições de ensino superior para treinar a próxima geração de trabalhadores qualificados. Contudo, a formação profissional “não deve deixar esta responsabilidade apenas para o ensino superior – pelo contrário, deve desenvolver o seu próprio conceito de Ensino Profissional 4.0”, realçam. Este conceito inclui novas parcerias entre instituições de ensino e percursos de qualificação “híbridos” em colaboração com universidades e politécnicos.


As tendências de futuro

De forma geral, acrescenta o CEDEFOP, há um foco muito grande nas Tecnologias da Informação. De igual forma, as competências de controlo e de resolução de problemas são muito pretendidas. A questão central, explicam, passa por garantir “padrões mínimos comuns” nos currículos dos cursos, que permitam “às empresas e escolas profissionais a adaptação às necessidades do momento”.

Para além das tecnologias digitais e automação, há ainda outras tendências que moldam o presente e o futuro do trabalho. Fenómenos como o envelhecimento da população, a globalização e o combate às alterações climáticas vão também operar mudanças significativas no mundo do trabalho do futuro e, por arrasto, às necessidades de qualificação. Ao longo das próximas páginas, trazemos-te mais informações sobre três dessas áreas de futuro.