Nesta aventura, nem tanto enjoo, mas bastante mar, já que tudo começou com a mítica viagem de barco com apenas uma hora de duração mas que, para muitos, parece nunca mais acabar, tamanha é a tortura da forte ondulação. Ainda assim, talvez por se tratar do 10º aniversário desta academia do Politécnico de Leiria e da Forum Estudante, o Mar não nos castigou muito. E até mesmo o sol e o vento namoraram entre si na medida perfeita, desde o momento em que pisámos a ilha da Berlenga até ao instante em que nos despedimos.

Dividimos por grupos – vermelhos, brancos, azuis e verdes – neste dia memorável, que é já um dos ex líbris da Tanto Mar, os 50 alunos do Ensino Secundário tiveram a oportunidade de viver experiências tanto sobre a paisagem rochosa como nas profundezas do Oceano Atlântico.

 

Tanto Mar

Tanto Mar

Com a ajuda das explicações do faroleiro J. Coutinho, em representação da Autoridade Marítima Nacional, o grupo ficou a conhecer toda a história do Farol da Berlenga, desde a sua fundação, corria o ano de 1842, até aos nossos dias.

 

O dia passado na Berlenga Grande incluiu
uma visita ao farol, uma visita guiada pela
riqueza natural da ilha e um batismo de mergulho

 

 

O modo de funcionamento dos faróis em geral e deste em particular, traduzido em pequenos detalhes técnicos, também nos foi explicado. Sabiam que cada farol tem luz própria, uma cadeia de sinais de luzes e ausências da mesma que funcionam como um código personalizado, uma sequência denominada “período”?

Assim, quando uma embarcação vê ao longe 1 segundo de luz branca seguido de 9 segundos de ocultação de luz já sabe estar ali o Farol da Berlenga com os seus 29 metros de altura (mas 121 de altura focal já que mora no cimo de uma ravina de mais de 70 metros).

Tanto Mar

 

No regresso à base, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) fez-nos uma visita guiada pelas especificidades deste arquipélago. “A importância das Berlengas enquanto ecossistema insular, o valor biológico da área marinha envolvente, o elevado interesse botânico, o papel da ilha em termos de avifauna marinha e a presença de interessante património arqueológico subaquático foram outros tantos fatores que pesaram na classificação do arquipélago como Reserva Natural”, explica-se no site deste parceiro de aventura Tanto Mar. E ao vivo assim o prova esta academia ano após ano, mostrando ninhos de cagarras e outros encantos que nunca veríamos numa cidade.

Tanto Mar

Emoções subaquáticas

O verde do mar impressiona. Depois também a sua gelidez, que refresca cada molécula do nosso corpo. E, claro, a imensidão da massa de água que vemos à nossa frente. Ou aos lados, por baixo e em cima, no caso de se ser um dos 50 participantes desta semana totalmente gratuita e que no programa deste dia incluía um batismo de mergulho.

Experiência inédita para a larga maioria – bastou os dedos de uma mão para contar quem já sabia ao que ia – esta foi a atividade (é sempre) que mais adrenalina provoca entre os estudantes. Nervoso miudinho, mas atento às explicações (como a técnica básica de respirar pela boca) da instrutora Maria, não por coincidência (porque não as há) uma antiga participante da Tanto Mar, no ano de 2012, que graças a este projeto ali realizou o seu próprio batismo de mergulho, atividade que é hoje o seu ofício.

 

 

“Under the sea”, como cantariam as personagens do filme de animação ‘A Pequena Sereia’, cada um de nós pasmou com cardumes de peixes (cabozes, taínhas, salemas, bodiões), polvos e chocos, estrelas-do-mar e pepinos do mar. Ali mesmo à mão de semear, fazendo-nos sentir infinitamente pequenos num mundo que, afinal, não gira à nossa volta.

E de repente já ninguém se lembrava da ginástica que foi vestir o fato e colocar o pesado equipamento de mergulho. E sabem porque é que os mergulhadores se atiram de costas para a água? Não, não é porque se fossem de frente caiam no barco, é porque assim é simplesmente mais fácil cair.