De acordo com a investigação "Cyberbullying em Portugal durante a pandemia do Covid-19", 60% dos estudantes foi vítima de bullying online por mais de que uma vez, durante o período de confinamento provocado pela pandemia. As conclusões do estudo foram partilhadas pelo ISCTE, em setembro.

O facto de as aulas terem decorrido virtualmente, durante este período, poderá estar relacionado com os resultados apurados, destaca a responsável pela investigação, Raquel António: "Milhões de crianças e jovens ficaram afetadas pelo fecho de escolas durante o confinamento, passando a ter aulas e socializar mais online, deixando-as mais vulneráveis e expostas a serem vítimas de cyberbullying”.

Com o objetivo de analisar a frequência de cyberbullying por jovens portugueses durante a pandemia, o estudo contou com a participação de 485 alunos do ensino básico, secundário e superior de todos os distritos do país. De acordo com a investigação, "os estudantes LGBTI e com rendimentos familiares mais baixos foram os principais alvos de ataques".

 

 

A investigação liderada Raquel António analisou ainda os efeitos desta prática nos estudantes agredidos, concluindo que as vítimas de bullying se sentiram "irritados, tristes e nervosos com mais frequência em relação aos estudantes que não sofreram ataques online”. Já os agressores indicaram "a indiferença, a raiva e a alegria como as emoções mais frequentes durante o cyberbullying". Destaque para o facto de 41% dos inquiridos ter assumido ter sido agressor pelo menos uma vez ("por brincadeira", vingança ou desejo de afirmação), sendo que apenas 16% admite sentir culpa.

Quase 9 em cada 10 estudantes admitiu ter observado situações de bullying online, mas apenas metade destes revelou ter tentado impedir a continuidade da agressão. Um dado que leva Raquel António a concluir: “É necessária uma cultura de promoção de empatia e de denuncia de conteúdo abusivo para prevenir situações de bullying online”.

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