A primeira coisa para a qual devemos estar atentos é que estamos perante a quarta revolução industrial da humanidade. Uma revolução que segundo Klaus Schwab, presidente e fundador do Forúm Económico Mundial, tem algo de único e distintivo quando comparado com as anteriores revoluções do século XVIII, a revolução elétrica do sec. XIX ou a revolução com base na internet do século XX, que mudaram “o que fazemos “ para “quem somos”, que no fundo é a base da revolução digital do século XXI.

Nunca como antes a tecnologia criou tal impacto e de forma tão rápida, nas estruturas sociais, políticas ou culturais. Esta é a primeira geração da história da humanidade na qual as grandes questões e soluções perante os problemas do dia a dia fogem à consulta de familiares ou de gerações anteriores. Nas famílias, empresas e comunidades, o conhecimento está agora do lado dos mais novos, a expressão “pergunta ao pai ou ao avô” deu lugar a “pergunta ao miúdo(a)”. Penso que é fácil de antever o desafio que esta mudança traz para todos os que trabalham no setor da educação. O conhecimento é um elemento primordial e o professor tornou-se alguém que faz a separação da informação e guia os alunos. Esta nova revolução digital coloca o professor à prova no seu papel como detentor de conhecimento, passar estes conhecimentos hoje significa exatamente … o quê?

Para responder a esta questão, temos de entender a difícil tarefa que têm nas mãos: preparar talentos em ambientes diversos, onde a flexibilidade, a capacidade de colaboração e de resposta se tornaram o ponto chave das competências. Os professores têm de ter uma atitude inspiradora para formarem líderes motivados que cooperem, que sejam empreendedores e sobretudo que estejam capacitados para desenvolver a sua atividade em ambientes incertos. Os modelos educativos que conseguem este objetivo são aqueles que têm o suporte das tecnologias, que promovem um grau sem precedente de interação e personalização e que devem ser combinados com um ambiente de Ensino envolvente. Esta é a única forma de chegar aos alunos de hoje, criando níveis de transformação e desenvolvimento pessoais muito próximos das atividades de coaching.

As instituições de ensino superior não têm de debitar ou fornecer conhecimento ou mesmo organizar a forma como o conhecimento é recebido, têm, isso sim, de treinar os alunos nas atitudes e competências necessárias para saber como interagir com os outros, nomeadamente com o professor e com o caudal de conhecimento e retirar o melhor desta situação. Escolas como a Les Roches, caracterizadas por sistemas de Ensino que já introduziram estas novas ferramentas, verificam ano após anos, que o mercado empregador reconhece o valor desta metamorfose pessoal muito mais que o valor de apenas as competências técnicas. De facto, até as empresas mais tradicionais como a banca ou tecnologia estão a mudar os cânones no momento de procurar talentos, focando-se cada vez mais nas denominadas soft skills, intra e interpessoal com foco na solução de problemas, pensamento crítico, gestão de talentos, inteligência emocional e ética.

“Ensinar” este tipo de competências requer flexibilidade e plataformas educacionais individualizadas nas quais os alunos têm experiências imersivas, em ambientes dinâmicos e em mudança que replica um certo grau de incerteza, pressionando-os a tomar decisões todos os dias. Esta situação só pode ser alcançada de duas formas: ao incluir tecnologia de ponta como 3D, simuladores, inteligência artificial ou realidade virtual ou através do desenvolvimento de ambientes pedagógicos baseados em modelos de interação pessoal e social, nos qual o professor é o líder que inspira e dá apoio na jornada de transformação de cada estudante.