Em 2013, o investigador Kretzmaschmar quis responder à questão: qual o meio preferido dos leitores? Por essa razão, comparou os resultados da leitura de uma página de papel, um e-reader e um tablet, analisando a atividade cerebral e a velocidade de leitura.
Todos os participantes afirmaram preferir o papel. Contudo, Kretzmaschmar concluiu que essa preferência não se relacionava com a facilidade de leitura. Pelo contrário, os participantes mais velhos leram mais rapidamente e sem esforço em tablets.
Assim sendo, qual a explicação para esta preferência? Os autores do estudo garantem que se trata de uma questão de atitude: “o ceticismo perante as plataformas digitais reflete uma atitude cultural e não se refere ao esforço leitura”, acabando por condicionar a experiência.
Contudo, essa realidade pode alterar-se no futuro. Diversos estudos demonstram que, no grupo etário dos jovens, a tendência é a preferência pelos meios digitais. O National Literacy Trust de 2012, por exemplo, revela que mais de metade das crianças americanas prefere ler em dispositivos eletrónicos (52,4%). Apenas 32% preferem o papel.
Simultaneamente, o número de leitores de e-books tem aumentado consideravelmente ao longo dos últimos anos. Entre 2011 e 2016, revela o Pew Research Center, a percentagem de americanos que utiliza estes meios passou de 17% para 28%.
Lê misto!
No mesmo estudo, o papel segue na liderança destacada com 65%. Momentos como o toque do papel ou o momento físico da viragem de página são apontados como “marcadores temporais e espaciais” que ajudam à assimilação de informação. Por outro lado, as vantagens apontadas à leitura digital são a acessibilidade, interatividade ou capacidade de armazenamento, por exemplo.
Porto Editora revela que 96% dos alunos usaram o manual em papel durante o confinamento
Estudo da Porto Editora que envolveu cerca de 11 mil professores e encarregados de educação centrou-se na satisfação sobre as plataformas educativas e de comunicação, bem como na transição digital.
Tendo em conta estas diferentes mais-valias, o futuro poderá passar por uma conjugação destes dois tipos de leitura, consideram as autoras Caroline Myrberg e Ninna Wiberg: “acreditamos que encontraremos um comportamento misto durante muitos anos”.
Para as autoras, será importante que os meios digitais incluam mais potencialidades do que apenas a “tradução direta” do papel. “Esse poderá ser o dia em que todos os estudantes vão preferir os e-books”, concluem.