Este ano, o Girls in ICT Day foi celebrado a 25 de abril, com o tema a “Liderança”, para demonstrar a importância de modelos femininos a seguir nas Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemáticas (STEM). A União Internacional das Telecomunicações (ITU) dinamiza este dia com o objetivo de motivar raparigas e mulheres a seguir estudos, carreiras em STEM, envolvendo a comunidade e promovendo a colaboração através de parcerias.

Embora, atualmente, 40% das profissões de alta qualificação sejam ocupadas por mulheres, a sua participação em campos relacionados com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), continua a ser baixo.

No site que assinala a ocasião, é referido que as mulheres estão quase ausentes de áreas como o desenvolvimento de software, engenharia, investigação tecnológica, da academia e também dos mais altos cargos legislativos. Também existe uma maior tendência para que as mulheres abandonem as suas carreiras em ciências e tecnologias.

Para assinalar este dia a UNESCO lançou o relatório, Technology on her terms”, que alerta para os efeitos que os conteúdos online podem ter na saúde mental e física das jovens mulheres. Este impacto também pode vir a ser sentido no futuro, na altura de escolher a sua carreira, afastando-as das STEM. As descobertas deste relatório evidenciam a necessidade de as jovens terem modelos femininos que as motivem a seguir esta área de interesse.

 

 

 

 

O Centro Internet Segura (CIS) do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), juntou-se a esta “campanha global que pretende motivar raparigas e jovens mulheres a seguirem os seus estudos e escolherem uma carreira na área das Tecnologias de Informação e Comunicação”.

Segundo o Relatório Cibersegurança em Portugal, publicado em dezembro de 2023 e coordenado pelo Observatório de Cibersegurança do CNCS, o ensino especializado em cibersegurança e segurança de informação no Ensino Superior em Portugal, cresceu em número de cursos, existindo mais duas licenciaturas e um mestrado, com o número de alunos inscritos e diplomados também a aumentar. A percentagem de mulheres inscritas e diplomadas, contudo, foi relativamente baixa.

No que toca à “Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço” para 2019-2023, de acordo com o relatório, observou-se uma tendência positiva no crescimento de ações de sensibilização dirigidas a crianças e jovens. Porém, manteve-se a tendência negativa na falta de mulheres inscritas e diplomadas em cursos superiores especializados nesta área, quando comparado com a área das TIC em geral.

De acordo com dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), recolhidos pelo CNCS, a percentagem de mulheres inscritas em cursos de cibersegurança e segurança da informação foi de 10% em 2022/2023, com o número de diplomadas a ser de 7%. Já nos cursos de TIC, segundo dados do Pordata, o valor de diplomadas é de 20,5%.

 


«Liderança é muito mais do que ter um cargo ou uma posição de poder»

Doreen Bogdan-Martin, secretária-geral da ITU


 

 

A secretária-geral da ITU, Doreen Bogdan-Martin, partilhou em mensagem publicada no YouTube da organização que “liderança é muito mais do que ter um cargo ou uma posição de poder”. “É sobre reunir o poder de ideias e inovação e a habilidade de navegar a mudança com confiança seja uma pessoa estudante, empresário ou chefe de estado”, acrescentou.

“O nosso futuro digital partilhado precisa de mulheres líderes, que não sejam apenas hábeis tecnologicamente, mas visionárias. Capazes de dar voz a um mundo mais inclusivo, igualitário e sustentável tanto online como offline, concluiu.

Enquanto existe um intervalo nas lideranças em todas as indústrias, o maior deles pode ser encontrado em campos STEM. Na área das TIC, costumam encontrar-se mulheres em funções juniores ou de apoio, em vez de papéis de gestão, com pouca margem para progressão na carreira. Existe também uma probabilidade mais baixa de que as mulheres venham a deter posições executivas, que se tornem empreendedoras das TIC, ou que tenham representação entre legisladores nas áreas da ciência e tecnologia.

 

 

O objetivo deste Girls in ICT Day é promover a exposição de raparigas e mulheres em campos STEM a outras mulheres, que se encontrem em posições de liderança, de forma a que estas sirvam de referência e inspiração para que se quebrem barreiras que limitem o seu progresso. O tema da “Liderança” pretende também encorajar o empoderamento e o desenvolvimento da liderança para um futuro mais equitativo na área das STEM.

O Girls in ICT Day começou a ser celebrado em 2011 e desde então mais de 377 mil raparigas e mulheres participaram em mais de 11 mil e 400 celebrações em 175 países diferentes. Governos, organismos de regulação e empresas da área das TIC, instituições académicas, agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e Organizações Não Governamentais (ONG) de todo o mundo juntam-se ao movimento e assinalam esta data.