“Existe no Politécnico de Setúbal uma onda de educação dos estudantes para a Inteligência Artificial”. A frase é da estudante da licenciatura em Marketing da Escola Superior de Ciências Empresariais (ESCE-IPS), Andreia Brito, que explica que existem vários momentos, no dia a dia da instituição, para ensinar “a utilizar estas ferramentas de forma ética e produtiva”. Enquanto estudante do ensino superior, utiliza estas ferramentas para tarefas como revisão de texto ou geração de novas ideias. “Penso que esta experiência poderá fazer toda a diferença no meu futuro”, acrescenta Andreia, antes de explicar: “Vai ser uma vantagem quando começar a minha carreira profissional, porque uma empresa que rejeite a IA é uma empresa que vai ficar fora do barco”.
«Neste momento, sentimos já uma diferença na instituição (...) nas práticas de investigação e na prática pedagógica»
Karla Menezes, docente
Foi precisamente a importância das tecnologias de Inteligência Artificial nas diferentes áreas de saber e de atividade que levou o Politécnico de Setúbal a apostar na integração destas ferramentas, de forma ética, nos diferentes planos de estudo e de inovação pedagógica. “Há um estímulo da instituição para que possamos usar a IA na construção da ligação ensino-aprendizagem”, conta a docente Karla Menezes. Paralelamente, foram realizadas várias aulas abertas e workshops. “Neste momento sentimos já uma diferença na instituição”, acrescenta, salientando os “avanços nas práticas de investigação e na prática pedagógica”, bem como “o interesse por parte de toda a comunidade nestas aprendizagens”.
«Existe no Politécnico de Setúbal uma onda de educação dos estudantes para a Inteligência Artificial»
Andreia Brito, estudante
Enquanto docente, Karla Menezes sente que existem ainda outras vantagens associadas a esta integração da IA no contexto da sala de aula – o impacto positivo na motivação e envolvimento. Isto porque “o estudante percebe que o docente tem em conta o contexto dele e as práticas dele do dia a dia”.
A importância do uso ético
Nas suas aulas, o docente de bioinformática Francisco Pina Martins ensina os estudantes a utilizar ferramentas de IA em tarefas “repetitivas e aborrecidas”. Um exemplo é a criação de unit tests que verificam se o código está a fornecer o resultado esperado. “É uma tarefa aborrecida porque muitas vezes o teste tem mais linhas de código que o próprio código”, explica. O docente incentiva à utilização da IA depois de mostrarem que dominam a tarefa, de forma a que “tenham uma forma mais crítica de olhar para ela”.
«(Esta aposta) implica encarar o método de estudo de uma forma diferente, mais fundado em soluções práticas e com ferramentas que podem fazer toda a diferença»
Rute Presado, estudante
Para Francisco Pina Martins, o maior desafio é encontrar o equilíbrio entre a utilização da IA “como um apoio e não como uma muleta”. “A ética é fundamental nesta questão”, realça, uma vez que “se um estudante delegar trabalhos na IA, não vai aprender de forma eficaz”. Por essa razão, ensinar um uso ético da IA é uma forma de garantir que são “um apoio para serem mais produtivos com uma dupla consolidação de conhecimentos”. Outra questão está relacionada com o facto de, com a IA, muitas vezes, não se trabalhar diretamente fontes de informação originais. “Nesse sentido, é muito importante ter um olhar muito crítico para serem precisos”, completa.
Como destaca a estudante Andreia Brito, as ferramentas de IA podem ser também um apoio na construção desse olhar. A estudante explica que estas aprendizagens lhe estão a permitir “otimizar processos e reduzir tempo gasto em certas tarefas mais morosas”. “Isto faz com que vá ganhar tempo para fazer o que realmente quero, com maior criatividade e espírito crítico”, conclui.
«A ética é fundamental nesta questão (…) se um estudante delegar trabalhos na IA, não vai aprender de forma eficaz»
Francisco Pina Martins, docente